quinta-feira, 5 de março de 2009

O Fim e o Princípio (I)

«Os jornais em papel vão acabar?» - questiona a correspondente do Público em Washington na edição de hoje do diário. Na peça, constata-se a tendência actual na imprensa escrita que, dos Estados Unidos para o resto do mundo, se acentua numa diminuição de títulos e num encolher desmesurado das redacções. Acompanhando este fim anunciado, os jornais perdem em número de páginas e em secções e edições avulsas, prejudicando manifestamente o tratamento dos temas e a qualidade do jornalismo.
Na base deste diagnóstico constatável a qualquer cidadão medianamente informado, articulam-se tendências claras de consumo de informação que encontram na internet o princípio da continuidade do jornalismo. Porém, o jornalismo enquanto conceito de informação fragmentou-se para lá do jornalista (o agente difusor da informação) por via da interactividade e actuação sobre a notícia permitida por blogues, fóruns, sítio de internet ou comentários, ou seja, pelo apogeu da liberdade de expressão que a internet nos parece ter garantido como um fenómeno quase irreversível.
Mas se por um lado nunca se produziu tanta informação, e provavelmente nunca nos sentimos tão livres para comunicar, por outro, a realidade demonstra-se aos nossos olhos como uma amálgama de meias verdades, distorções ou mesmo mentiras. A naturalidade do imediatismo com que somos assimilados através do fluxo quase constante de informação leva-nos a não exigir um conceito mais profundo de busca pela verdade, isto é, de busca pela informação. E, em parte, o anunciado fim do jornal clássico, em papel que mancha as mãos de tinta, parece anunciar o princípio de uma nova era que pode corresponder a ameaças concretas à própria liberdade dos cidadãos e à qualidade e ao aprofundamento do ideal da democracia.

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