quinta-feira, 12 de março de 2009

Elefante


Quase uma década após Columbine, um adolescente de 17 anos reedita o furacão assassino do horror niilista e absurdo nos arredores de Estugarda. Entre Columbine e Winnenden, Estugarda, o mundo tem sido pontualmente abalado por um fenómeno que entre os EUA e a Europa vai ocorrendo com uma frequência incompreensivelmente crescente.
Perante esta espécie de absoluta falência humana das nossas sociedades para compreender o que não é racionalmente passível de entender, vejo-me numa espiral de informações difusas que se acercam das televisões e das manifestações de violência omnipresente, dos jogos de computador com toda a sua saga de barbárie gratuita e da facilidade com que um indivíduo absolutamente normal se torna numa máquina de morte sem que nada pareça indicar. Tanto, ou tão pouco, para ter resposta.
Caso para questionar, enquanto pai e cidadão, mas sem recurso apressado a julgamentos populares, o que se está a passar connosco enquanto pais, familiares, colegas ou professores? Que mundo é este em que se criam criaturas capazes de um massacre que retira a vida a dezasseis pessoas sem que consigamos sequer ter uma pista no passado sobre tão sangrento futuro? Ou é tudo mtv, playstation ou manga, incluindo nós mesmos?
Face a uma realidade que parece inconcebível, lembro o filme de Van Sant e aquela escola americana baseada em Columbine. Ontem, essa escola era em Winnenden. Antes tinha sido em Erfurt, em Kauhajoki, em Jokela ou no Virginia Tech. Tudo para recordar a parábola do elefante (que deu nome ao filme) onde um grupo de cegos examina as várias partes do animal conseguindo cada um deles descrever aquilo que lhe toca; porém, nenhum consegue ter a percepção do todo. Nenhum!

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