segunda-feira, 9 de março de 2009

A bordo do Air Force One

Barak Obama é, de facto, um político de habilidade notável. No passado fim de semana, o actual presidente americano prestou, numa entrevista ao The New York Times, uma lição de como administrar nas doses certas índices de realismo político sem travar a euforia que, cem dias depois da eleição, ainda sustentam a sua imagem num cenário de crise profunda e de dimensões ainda incalculáveis. Mesmo quando confrontado com o epíteto de "socialista"!

Na entrevista de cerca de meia hora dada a bordo do Air Force One, reconheceu que a coligação ocidental não está a ganhar a guerra no Afeganistão, abriu caminho a uma solução negociada com talibãs moderados (recuperando assim a táctica usada no Iraque com algumas milícias sunitas) e não deixou cair bandeiras de campanha como a reforma do sistema de saúde norte americano com vista à universalização.
Pelo meio, falou de crise para justificar as medidas que eventualmente alguns encaram como “socialistas”, sem nunca se ter enquadrado ideologicamente. Talvez por essa incerteza ideológica, sentiu necessidade de uma adenda, prestada num contacto final com o jornal, não vá o código genético da América antiestatista, individualista e populista degenerar.

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