sexta-feira, 11 de março de 2011

Tempos num País à rasca


A pouco mais de 24 horas da manifestação da “geração à rasca” e a oito dias da manifestação nacional da CGTP-IN (naquele que será denominado o “dia da indignação e protesto”, 19 de Março) José Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam mais uma versão (a quarta) do famigerado PEC, o desastroso “plano” que arruína o País e a grande maioria dos portugueses, mas parece fazer crescer as maiores fortunas nacionais, conforme noticia o Diário de Notícias na sua edição de hoje.
Tal acontece cerca de 36 horas passadas sob a tomada de posse de Cavaco Silva para mais um mandato, onde o já habitual discurso dúbio e inconsequente fez, por mero tacticismo politiqueiro, pairar algum incómodo no partido do Governo. Talvez por isso, Sócrates e Teixeira apresentaram o PEC 4 sem dar cavaco ao Presidente da República, horas antes da chegada a Bruxelas para a Cimeira da Zona Euro, onde o capataz da Senhora Merkel, Durão Barroso, se regozijou pelo novo pacote de medidas de austeridade, tidas como “muito importantes para convencer os mercados”. A meio da tarde, os “mercados” respondiam a Barroso com as taxas de juro a atingir quase 8% na dívida portuguesa a cinco anos.
Entre tempos, e perante o autismo de um Primeiro-Ministro acossado que já não se coíbe de disparar em todas as direcções e um Presidente da República que sempre foi parte da causa do problema e nunca uma solução, o Bloco de Esquerda ainda apresentou uma moção de censura chumbada à nascença. Apesar de toda a oposição parlamentar bradar em uníssono pelos “pobres portugueses”, e da direita vir o aplauso ao discurso de véspera de Cavaco Silva – onde até coube o aviso de estarmos a ultrapassar o “limite do suportável” quanto aos planos de austeridade –, foi claro para todos que, não obstante termos um Governo que já não existe (e aquilo que resta responde a Berlim, não aos portugueses), os aliados no desastre nacional preferem manter a maçã podre ao invés de evitar que os efeitos do mal nos leva por um caminho sem retorno.
Por tudo isto, e mais do que nunca, é tempo de sair à rua no dia 12 e no dia 19. Não somente em nome de uma “geração à rasca” (por sinal qualificada, precarizada e mal paga), mas em nome de todos aqueles a quem as lógicas perniciosas deste sistema depredador não se cansam de empurrar para o empobrecimento e a exploração.