segunda-feira, 13 de junho de 2011

Seis anos

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas
e rios e manhãs claras.
Eugénio de Andrade



Fico a pensar que o País não os pode esquecer nunca. Morreram há seis anos atrás e não vislumbro na imprensa de hoje uma linha sobre eles. Apenas seis anos passados...

domingo, 5 de junho de 2011

Nota breve sobre as legislativas



Passos Coelho, uma mistura de espírito intelectual tipo Sócrates com a mirabolante vaga ideia de ser tão ou mais liberal que os liberais nórdicos, ganhou as eleições e vai casar o seu partido, “liberal na economia, conservador nos costumes”, com aquele partido que vive de um homem só. Em suma, digamos que a direita voltou ao Poder, se bem que nunca de lá saiu nas últimas décadas. A agravar, as linhas da governação estão todas traçadas por imposição externa, se bem que a promessa é fazer ainda mais que o anunciado (ou seja, usando a transaparente “opinação” de Maria João Avillez há duas horas atrás, “temos que varrer esse entrave que são os direitos adquiridos”).
Dada a hora tardia e o nervosismo das decepções democráticas, quero apenas deixar a minha indignação sobre uns quantos amigos que, não escondendo a aproximação ao PS, estão a dirigir a sua fúria contra o PCP – o BE parece não entrar nas contas após o trambolhão de hoje. Em suma, culpabilizam a esquerda que chamam “extremista e retrógrada” por não alinhar com a sua “esquerda moderna”, e assim ter aberto o caminho à direita. Sem me querer alongar numa matéria extensa e repleta de factos, sugiro apenas que, nesta noite cinzenta de verão, façam da insónia um acto de reflexão.
Para começar, questionem que esquerda é esta que, ao longo de seis anos (não vale sequer a pena discutir Soares ou Guterres), governou o País. Questionem o que é ser a “esquerda moderna” e tracem um paralelo com as governações ultra liberais de direita na Europa. Questionem porque se lesa o Estado e se penalizam os mais fracos quando se opta por salvar as mais-valias dos accionistas das grandes empresas. Questionem quase tudo o que andaram a fazer ao longo destes anos e vejam o estado a que chegámos.
Temos o direito de mudar de vida e, um dia, queremos crer que o querer também. Por ora, vamos chamando a estes que chegam a direita, sabendo que se fosse com a “esquerda moderna”, de Sócrates e companhia, o caminho não seria muito diferente. Por isso, há quem se recusa a alinhar e a proteger essa desonesta e falaciosa retórica apregoada em nome de algo que não existe.