terça-feira, 29 de setembro de 2009

O que fazer com estes votos

Ao longo de quatro anos e meio de maioria absoluta na Assembleia da República foi difícil, se não mesmo impossível, ao primeiro-ministro conjugar verbos como ouvir, dialogar, negociar e outros tantos que instruem acções eventualmente construtivas em democracia. Aliando às lacunas ou omissões de conjugação verbal o estado a que chegámos, o resultado está à vista de todos: o PS ganhou as eleições mas perdeu mais de meio milhão de votos e, consequentemente, a maioria absoluta.
Agora, cabe a Sócrates instruir-se na conjugação desses verbos outrora malditos. Nada voltará a ser como dantes, independentemente do eleitorado até lhe ter providenciado um super-Paulo Portas como garantia de prossecução daquela velha política de sempre. Tudo uma mera questão de tempo mas, com a nuance de obrigar a um diálogo mais extensível no panorama parlamentar, mesmo que à ponta direita do hemiciclo surja o interlocutor privilegiado.
Felizmente que nem todos pensam como eu e, esperançosamente, olham para um novo Sócrates como o ser pensante que equaciona agora o que fazer com estes (muitos menos) votos. Assim, alimentam a esperança (ou quem sabe a fé) numa grande união das esquerdas, com a agora também reforçada ala esquerda do parlamento. Sinceramente, e perdoem-me os crédulos, acho que Sócrates já decidiu não só o que fazer com os seus votos como com os daqueles que o podem fazer sobreviver nesta legislatura com morte anunciada, lá para meados de 2012.

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