quinta-feira, 13 de outubro de 2011

E a Grécia aqui tão perto

Há quem diga, numa talvez pouco graciosa (e até mesmo sensacionalista) teoria da conspiração, que o FMI elegeu a Grécia, e consequentemente Portugal, para exercícios empíricos de pressupostos económicos inéditos. Ou seja, a gregos, mas também a portugueses, como europeus de segunda que são, serve à medida a carapuça de cobaias. Basta querer, que os homens de mão de lá, como os de cá, estão sempre à altura do mandamento.

Não sei se é o FMI que lidera o improvável plano mas, seja lá quem for, e montando o puzzle da inverosímil teoria, vamos percebendo que nós, os portugueses, somos mais gregos do que julgávamos. Historicamente e, sem contar com o legado cultural e filosófico herdado, durante o século XX sofremos a penumbra da ditadura; fomos praticamente contemporâneos na entrada para a CEE; fomos quase gémeos no modelo de desenvolvimento apontado pelos iluminados burocratas de Bruxelas para os nossos países; fomos perfeitos a eleger os piores políticos que, consequentemente, formaram maus governos; e, agora, partilhamos austeridade que se confunde cada vez mais com brutalidade.

Se os gregos chegaram primeiro ao declínio imposto e/ou conspirado (vá-se lá saber...), os portugueses caminham vertiginosamente para os apanhar. Sendo o cinto dos trabalhadores gregos mais folgado que o dos portugueses, o desastre demorou quase dois anos a instalar-se em toda a plenitude. Por aqui, com ou sem conspiração do FMI, depois do Orçamento do Estado para 2012 apresentado por Passos Coelho, temos a garantia que vamos ser gregos mais depressa do que esperávamos. Por este caminho, a taça que não desejamos vai mesmo ser nossa.

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