domingo, 1 de novembro de 2009

O Talentoso Senhor Vara

Consta que de Armando Vara, José Sócrates disse um dia ser vítima de “inveja social”. É um conceito interessante, sobretudo quando todos sabemos ser Portugal um país de “invejosos”. E para não sair do padrão, há que reconhecer que o Senhor Vara tem sido alvo de muitas invejas ao longo da sua meteórica carreira política e “empresarial”, compreendida entre a distrital do PS de Bragança e a administração do maior banco privado português.
Olhando para o currículo do Senhor Vara, e cruzando esse currículo com as inúmeras notícias associadas ao seu nome, basta perdermos o sentido da honestidade e da moral num ápice para nos assumirmos como “invejosos”. Quantos caixas de banco militantes de um partido não invejam aquele que um dia chegou a administrador do banco? E quantos militantes de um partido não invejam os seus companheiros que um dia se tornaram ministros ou secretários de Estado?
O Senhor Vara é um homem talentoso. Certamente, foi por todo esse talento que conseguiu palmilhar tantos degraus na carreira e hoje ser somente o vice-presidente do BCP. Dir-se-á que o Senhor Vara tem uma enorme queda para o negócio e, em Portugal, isso significa probabilidades de se cumprirem os sonhos mais almejados. Como é evidente, quando se cumprem, surgem as invejas de portuguesinhos medíocres que não passam de caixas de banco ou de meros militantes de base de um partido.
O caminho do talentoso Senhor Vara é tão romanesco como o título deste artigo. Isto, porque é um caminho contado pela “inveja social” da imprensa, voz de um povo de invejosos. O Senhor Vara passou de caixa de banco a político profissional, com António Guterres a fazer dele secretário de Estado da Administração Interna e, depois, seu ministro adjunto. É um percurso arrebatador, até que vêm os invejosos acusar o Senhor Vara de criar uma espécie de instituição fantasma - a Fundação para a Prevenção e Segurança - onde foi só fartar vilanagem. Provas? Zero, porque as invejas não conduzem à justiça, nem na terra nem no céu, ou não fosse um dos pecados capitais.
Quando o PS voltou ao poder, o talentoso Senhor Vara passou a ser administrador da Caixa Geral de Depósitos. «Grande emprego», bramiram os invejosos. E até se inventou por aí que na universidade onde o Senhor Vara cursava Relações Internacionais - a muito notada Independente onde o amigo e camarada Sócrates cursara Engenharia - tocaram sinos a rebate para que saísse a certidão de fim de curso, tida como essencial para que este homem de múltiplos recursos intelectuais assumisse o cargo na CGD. Nada mais que boatos invejosos, como o tempo sempre faz provar neste nosso Portugal.
Mas a campanha de “inveja social” não dá tréguas ao talentoso Senhor Vara. Uma alegada escuta policial envolve o vice-presidente do BCP numa tal de operação “Face Oculta”, baseada em alegados subornos a políticos e quadros de empresas de capital público. E assim, está feito o homem arguido num processo, com uma mão cheia de camaradas socialistas… Como se costuma dizer e redizer para as bandas do Largo do Rato, «é (mais) uma cabala para atingir o PS». E, acrescento, o talentoso Senhor Vara, que se torna recorrentemente um caso de polícia.

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