sábado, 18 de abril de 2009

Europa Made in Portugal

Neste ano de crise, as eleições! A abrir, as europeias, depois as que verdadeiramente interessam porque isto de Europa é, no vernáculo partidário português, um sinónimo de sondagem à séria para o que se segue, ainda mais neste 2009 de tanta actividade. Em vésperas do primeiro debate a cinco na RTP 1 (programa «Prós e Contras») deixo um breve olhar sobre o tema.
Há dias, ainda antes de se saber as escolhas para cabeças de lista às Europeias pelo PSD e pelo CDS, um cronista da nossa praça (que, infelizmente, não recordo o nome) levantava a hipótese de termos PS, PSD, BE e CDS a optarem por cabeças de lista formados no PCP. O exercício revelava-se interessante e mordaz, colocando frente à resistente comunista Ilda Figueiredo, os nomes de Vital Moreira (candidato confirmado pelo PS), Miguel Portas (confirmadíssimo pelo BE), Zita Seabra (PSD) e Celeste Cardona (CDS).
De facto, desconheço se alguma vez Zita Seabra ou Celeste Cardona chegaram a ser equacionadas pelos seus actuais partidos, porém, as possibilidades de termos aqui um pleno de candidatos “europeus” formados no “anti-europeísmo” revelava-se com toda a certeza mais interessante do que aquilo que a realidade acabou por reservar. O PSD apontou a seta com o inenarrável Paulo Rangel; o CDS apostou num rapaz de mão do líder, deixando o histórico “europeu” Ribeiro e Castro em terra.
Hipoteticamente, o caso da aposta de Manuela Ferreira Leite e da sua direcção no actual líder da bancada só pode significar que o PSD anseia livrar-se de Rangel e Rangel anseia pela única possibilidade de alguma vez vencer uma eleição em que seja protagonista. Dentro de um leque de potenciais candidatos capazes de catapultar o partido para os desafios mais sérios que se avizinham, a actual direcção laranja aposta num candidato tão inócuo que, face à conjuntura, até Vital Moreira se arrisca a ser a escolha acertada de Sócrates e não a segunda versão da candidatura de Soares às presidenciais.
O que este leque de candidatos deixa no ar é que tanto o PS como o PSD se encontram completamente desinteressados deste acto eleitoral. À esquerda, PCP e BE apostam na continuidade do resultado minímo garantido; à direita, justificam-se as escolhas na solidão liderante de Paulo Portas que afasta outras soluções porventura mais competitivas. Em síntese, uma retumbante vitória anunciada da abstenção num dia que se quer de sol e calor!

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