quarta-feira, 26 de março de 2008

Assim são os Blogues


A minha experiência com blogues vem de há uns bons três ou quatro anos. Entre a vontade de discorrer sobre muito ou mesmo nada, os blogues chegaram a tornar-se a minha pequenina e anónima obsessão. Depois, e como tudo na vida, tornaram-se uma espécie de mono a lembrar aquele sofá velho e usado que temos na sala à espera do dia em que o possamos substituir. E quando esse dia chega, lá o largamos à poeira do sótão porque, sabe-se lá por obra e graça do quê, algo nos diz que talvez ainda lhe possamos dar alguma utilidade.

Assim são os blogues. Algures vagueiam, assinados no anonimato de pseudónimos, heterónimos ou alcunhas, pairando por esse mundo ilimitado da internet, caídos no esquecimento do autor ou dos outrora regulares visitantes que alimentaram aquele narcísico contador de visitas que nos vai fazendo ganhar a ilusão de nos sentirmos populares.

Hoje, voltar à estação dos blogues é uma espécie de dejá-vu. De antemão, algo me diz que vou estar tentado, durante o fulgor inicial, a actualizações periódicas e ao alegre sacrifício de alguns minutos do dia a um espaço remoto como este. Depois, com o passar do tempo e perante outras prioridades ou vontades, aquilo que é hoje um bebé acarinhado e devotado torna-se de novo um mono. E assim se anuncia o esquecimento. E mais uma vez, se lança ao abandono o velho e usado sofá onde outrora se fez sala.
imagem: Benefits Supervisor Sleeping de Lucien Freud

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