À margem da sucessão de episódios
que revela quão podre está o governo PSD/CDS, o Partido Socialista alinha-se no
discurso da esquerda quanto à inevitabilidade de realizar eleições com a maior
brevidade possível. Porém, aquilo que se vai lendo nas entrelinhas do discurso pouco
coerente e algo malabarista de António José Seguro é que a alternativa
possível, preconizada pelo PS, parece estar a ser namorada com Paulo Portas e o
CDS.
Será porventura especular que o
número de ópera bufa oferecido pelo parceiro de governo de Passos Coelho ao
País nestes últimos dias tenha algo a ver com este namoro. Mas, numa
altura em que a política dos agora denominados “partidos do arco da governação”
se encontra no ground zero da credibilidade e da moral, talvez não seja
demais relacionar uma coisa e outra.
Na verdade, o PS ainda não foi
capaz de assumir com contundência que pretende rasgar o memorando da troika e
ser, de facto, uma alternativa verdadeira à política de desastre da direita. Em
suma, a postura hibrida de Seguro em relação à governação socialista de
Sócrates, ao memorando da troika e uma certa simpatia para com o CDS faz temer
o pior.
Ao mesmo tempo, Seguro diz estar
disposto a abrir caminhos de diálogo com todas as forças políticas, notando-se
que essa abertura ao consenso parece embicar mais à direita do que à esquerda. Pergunta-se,
assim, como é que o PS pretende ser alternativa à política criminosa, anti
patriótica e destrutiva do PSD e do CDS contando, precisamente, com o PSD e o
CDS a seu lado?