
Vinte anos depois da primeira experiência, Leth, pressionado pelo seu câmara Dan Holmberg que mais uma vez o acompanhou, volta à América para uma sequela que resulta numa reconstrução revista e actualizada do primeiro filme. A marca da cultura pop subsiste, mas menos fulgurosa (ou apenas ainda mais familiar?). Nova Iorque continua sofisticada e ilusória; ainda tem o Sardi´s e, também, as torres gémeas (que haveriam de desaparecer antes do final das filmagens, não surgindo numa das últimas cenas do filme – por sinal, a única em que o plano não é fixo). A outra América aparenta permanecer quase igual, estática e imutável nos seus grandes espaços, nas estradas desfocadas pelo calor ou nas pequenas cidades do deserto. Até os cowboys resistem.
Nas New Scenes, já não há Andy Warhol himself, mas ainda há Robert Frank e Dennis Hopper em carne viva, e até Elvis e Marilyn, mas em papelão! Há a música de John Cale (o ex-Velvet Underground, porque para Leth, Wharhol era um deus, e Cale é como se fosse uma espécie de pedaço de deus que permanece aqui na terra), música amarga e dolente, como um requiem, surgindo a espaços. Porque afinal, há quem diga, e mesmo quem sinta, que a América toda perdeu a inocência no dia 11 de Setembro de 2001. Jørgen Leth ainda a captou, no dia em que a América a perdeu! (apesar de andar pela América profunda quando as torres cairam, dixit)