sábado, 13 de dezembro de 2008

Do Caís das Colunas...


Ontem, Lisboa viu-lhe devolvida, dez anos depois, o Caís das Colunas. Para os mais incautos ou desinformados, a longa ausência ainda poderia ser conjecturada pelos danos das marés do Tejo ou por uma qualquer outra fúria de uma natureza em revolta. Mas, o nosso Caís das Colunas foi privado de existir durante dez anos devido à mão humana e às suas obras espinhosas. Somando-se ao escabroso desses espinhos, essa tradição tão lusitana de deixar fluir o tempo para que cada obra seja como as de Santa Engrácia, tão emblemático local viu-se esquecer no vai vem do tempo. Até ontem, para fazer jus ao postal ilustrado da cidade.
Mas Lisboa é uma cidade devastada sem empresa de terramoto ou de qualquer outro devastador fenómeno natural. A cidade parece um laboratório de escavações que não procuram a cidade perdida ou jazidas de ouro negro, que o diga quem vive ou passa pela Alameda D. Afonso Henriques, pela Avenida Duque D´Ávila e se atreve até ao Bairro Azul. Já lá vai quase meia década e um dos principais eixos da cidade continua transformado num estaleiro de grandes empreiteiros.
Para muitos, tudo se justifica com o desenvolvimento da cidade, alegando-se qualquer coisa a que se teima em apelidar de melhoramentos na qualidade de vida das pessoas na grande cidade. Mas, fazendo bem, é legítimo perguntar-se porque não se faz obra mais depressa, até porque se é em nome da qualidade de vida das pessoas que a obra nasce deveria ser legitimo que o tempo encurtasse para a ver nascer. Em nome de Lisboa e dos lisboetas, dos cidadãos que vêm e que passam, dos moradores, quando chegará o dia em que o desenvolvimento neste País não condene as nossas vidas aos custos descontrolados de tempo e de dinheiro?